Inaugurada no dia 18 de setembro de 1950, em São Paulo, a TV Tupi pertenceu ao grupo de empresas de comunicação Diários e Emissoras Associados, de propriedade de Assis Chateaubriand. Primeira emissora de televisão no Brasil, ela foi pioneira no telejornalismo nacional, e produziu ainda programas e obras inesquecíveis da teledramaturgia brasileira até o encerramento das suas atividades, em 1980.
“A TV Tupi se destacou mais nessa época [anos 1950]. A emissora equipou uma perua com transmissores eletrônicos para poder gerar a notícia instantaneamente [...] No final da década de 50, os repórteres de televisão já viajavam por todo o país, realizando reportagens especiais in loco. [...] As matérias continuavam sendo filmadas com equipamentos de cinema em 16 mm, pois ainda não existiam as câmeras compactas de TV, nem se utilizava o videoteipe.”
Edgar Ribeiro de Amorim, ator e pesquisador, 2007. In: O telejornalismo paulista nas décadas de 1950 e 60. São Paulo.
Inaugurada no dia 18 de setembro de 1950, em São Paulo, a TV Tupi pertenceu ao grupo empresas de comunicação Diários e Emissoras Associados, de propriedade do empresário e jornalista Assis Chateaubriand. Primeira emissora de televisão no Brasil, ela foi pioneira no telejornalismo nacional, exercendo certa supremacia durante os anos 1950. Nas décadas seguintes, mesmo diante de acirrada concorrência e passando por sucessivas mudanças e crises, produziu obras inesquecíveis da teledramaturgia brasileira até o encerramento das suas atividades, em 1980.
Nos quase trinta anos em que permaneceu no ar, entre 1950 e 1980, a atividade jornalística da TV Tupi fez valer a vertente informativa proveniente dos Diários Associados. Na sua primeira década de funcionamento, as notícias filmadas exibidas em sua programação diária sedimentaram as bases da cultura jornalística da televisão brasileira, com muitos telejornais carregando os nomes dos seus patrocinadores e dos veículos da imprensa escrita e radiofônica de onde originavam: Repórter Esso, Imagens do Dia, Mappin Movietone, Ultra Notícias, Flagrantes do Dia, Edição Extra, Diário de São Paulo na TV, foram alguns dos noticiosos mais recorrentes na grade da emissora.
A TV Tupi também se notabilizou por sua inesquecível contribuição à teledramaturgia brasileira. No final dos anos 1950 as produções dramáticas ao vivo (teleteatros, séries românticas e seriados de aventuras) experimentaram o seu apogeu na emissora, com memoráveis participações de atores como Tônia Carrero, Lima Duarte, Maria Della Costa, Eva Wilma, John Herbert, Dercy Gonçalves, Luís Gustavo, entre outros. Com a tecnologia do videoteipe a partir dos anos 1960, a emissora passa a produzir inúmeras telenovelas, muitas marcando profundamente, técnica e artisticamente, a teledramaturgia brasileira: O direito de nascer (1964; 1978), Beto Rockfeller (1968), Roda de fogo (1978), Éramos seis (1977), O profeta (1977) foram algumas dentre tantas produções memoráveis da emissora.
Com o término de suas atividades em 1980, o espólio da TV Tupi foi entregue ao Ministério da Educação e Cultura em 1985, e transferido em definitivo para a Cinemateca Brasileira em 1987, constituindo o Fundo Tupi. Composto majoritariamente por materiais audiovisuais e documentação textual das telerreportagens exibidas pela emissora, o Fundo Tupi também contempla um conjunto de imagens de telenovelas e programas televisivos.
Entre 2007 e 2009, vigorou o projeto Resgate do Acervo Audiovisual Jornalístico da TV Tupi, patrocinado pelo Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos coordenado pelo Ministério da Justiça, e que possibilitou a disponibilização no BCC de mais de seis mil telerreportagens (aproximadamente 130 horas de imagens) produzidas e/ou veiculadas em diferentes telejornais da TV TUPI.
A partir de uma parceria estabelecida com o Arquivo Público do Estado de São Paulo, entre 2008 e 2013, foi possível a digitalização dos roteiros originais de locução dos telejornais. Atualmente, os pesquisadores podem acessar 22.789 roteiros referentes a 43 programas jornalísticos exibidos diariamente pela emissora.
Em dezembro de 2009, a Cinemateca Brasileira e Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) apresentaram para a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o projeto Acervo quadruplex da extinta TV Tupi, coordenado pela Professora Dra. Esther Império Hamburger. O objetivo era o tratamento e disponibilização de uma parcela do acervo de fitas da emissora em formato quadruplex (primeiro formato de fitas magnéticas de vídeo, utilizado pelas redes de televisão no mundo desde o início dos anos 1950 até meados dos anos 1970). No ano seguinte, a proposta foi contemplada pela Chamada de Apoio à Infraestrutura de Pesquisa – Centros Depositários de Informações, Documentos e/ou Coleções Biológicas da FAPESP.
Após uma extensa pesquisa no Brasil e no exterior para encontrar máquinas no sistema PAL-M (sistema utilizado somente no Brasil) para reprodução das fitas quadruplex, a Cinemateca, por meio de uma parceria com laboratório comercial, logrou a montagem de uma reprodutora. A partir de então, uma amostra de 100 horas de teledramaturgia foi selecionada para ser transcrita e digitalizada, e ainda em 2012 iniciou-se a migração de parte deste recorte que inclui títulos como O direito de nascer, Éramos seis, O profeta, Roda de fogo, Beto Rockfeller, A volta de Beto Rockfeller, Mulheres de areia, O machão e A viagem. Atualmente, estão disponibilizados no BCC 257 capítulos de 44 telenovelas brasileiras produzidas pela TV TUPI.